8 de julho de 2008

Eu vou ser pai


Uma vez eu terminei um blog com um post que era uma carta para um filho fictício que eu ia ter no futuro. Era uma carta muito emocionante, que eu escrevi em um período de mudanças difíceis na vida, e muita gente até chorou lendo o texto. O blog ficou por ali mesmo e eu nunca mais mexi nesse texto.

Pois agora chegou a hora. Eu vou mesmo ter um filho.

E o mais esquisito de tudo é que eu não me lembro muito bem do que eu falava no texto. Será que se eu o lesse hoje concordaria com o que eu escrevi no passado? Provavelmente não com tudo, mas com a maior parte. Não sei.

Tudo o que me lembro é que tinha algo a ver com não se importar muito com o que as pessoas dizem ou fazem, e concentrar-se apenas no que realmente importa.

Acho que vou seguir meu próprio conselho. A coisa mais chata de quem engravida, e ainda estou apenas começando a sentir isso na pele, é a enorme quantidade de pessoas que querem dar palpites na sua vida. Todo mundo tem mil dicas e sugestões de coisas que você precisa fazer. Minha mulher então, coitada, é a que mais sofre: todo mundo quer dizer a ela o que ela tem que comer, beber, respirar, pensar.

"Qual vai ser o nome? Já compraram um berço novo? Já viram o novo Lysoform Baby, para desinfetar os brinquedos do bebê? Ai, eu conheço uma babá ótima." E por aí vai.

A obsessão das pessoas pelo cuidado com bebês - ou melhor, sua enorme insegurança e despreparo em relação ao tema - chega a ser engraçada. A indústria de produtos para bebês movimenta bilhões de dólares em todo o mundo, e a cada dia novos produtos chegam ao mercado. O tal do Lysoform Baby que eu citei ali em cima existe mesmo, é um spray que eles querem que você passe em todos os brinquedos com os quais o seu filho vai brincar. Também tem a chupeta alemã anatomicamente desenhada, o travesseiro especial para evitar a morte súbita, o CD com música clássica para aumentar o q.i da criança... é tanta baboseira que a gente fica imaginando como é que se criavam as crianças antigamente sem todas essas "maravilhas".

Tenho certeza absoluta de que Alexandre O Grande não usava fraldas com floc-gel, comia terra e tomava banho com sabão de gordura de porco, se é que tomava banho. E isso não o impediu de conquistar a maior parte do mundo conhecido. Será que a mãe do Albert Einstein tocava música clássica para ele ficar inteligente? Quantos tipos de sabonete e creme e xampu diferentes a mãe do Santos Dumont passava nele? O talco da Marilyn Monroe era importado de algum lugar?

Outra coisa que eu achei engraçada nesse início de vida de pai foi a reação inicial das pessoas ao saberem da notícia. Depois de um espanto inicial, seguido de congratulações e felicitações, vinha sempre uma pergunta sussurrada: mas como você está levando isso? Quer dizer... você quer mesmo ter um filho? Isso foi planejado? Você ama sua namorada, ou está querendo se suicidar porque esqueceu da camisinha?

Eu acho que tanto eu quanto ela já estamos bem grandinhos para sabermos o que fazemos. Se a gente engravidou, foi porque a gente quis. Ficamos cansados de esperar. Mas esperar o quê, exatamente? A gente ficar rico? Grande besteira. Nossa geração é muito mal acostumada. Fomos criados para sermos um bando de covardes que têm medo de compromisso, de casamento, de morar junto, de ter filho, de ter emprego, de sair da casa dos pais - enfim, de viver. Temos medo de viver porque isso nos mostra que vamos todos morrer.

Nós somos duas pessoas adultas que resolveram que é melhor se arrepender de ter filhos do que se arrepender de não ter tido, e que é melhor se arrepender de se casar do que se arrepender de passar a vida inteira sozinho esperando algum milagre que vá nos fazer ter 15 anos de idade para sempre, sem nenhuma responsabilidade. Matamos a Cinderela e o Peter Pan e entramos na vida adulta com o pé na porta, sem pedir licença nem benção a ninguém. Vamos ter um filho, e espero que seja o primeiro de muitos.

Tá, muitos não né? Uns 3 tá bom.

6 comentários:

Anônimo disse...

uhu!!! achei vc e cheio de notícias boas...adorei o texto, como sempre.

Um bjo Perna saudades... (ainda te chamam de Perna?)

Anônimo disse...

QUE SURPRESA!!!! parabéns, menino! tu vai ser um pai muito massa! =**

Unknown disse...

Parabéns, Perna!!!!

bjs

Clara Averbuck disse...

eu saí daí torcendo pra vocês casarem mesmo. você e a ana são um casal sensacional e o filho de vocês vai ter uma tia muito babona, ainda que um pouco distante. e uma catarina para ensinar muitas coisas erradas. rarara

YEAH! MAIS PAIS FREAKS PARA O MUNDO! UHUHU!

Anônimo disse...

eu juro que achei que era brincadeira, quando eu li no tuíter via dani arrais, q vc ia ser pai. tava numa correria doida e nem tive tempo de averiguar! rsrsrsrs
cara! vc vai arrasar como pai! não conheço sua garota mas tenho certeza que é uma pessoa bacana e desejo toda sorte do mundo pra vcs!
felicidades (em estado de choque ainda!) e beijos!

nice lopes disse...

agora entendi o teu sumiço...tu tava preparando a surpresa!!! parabéns, daniel!!! como sempre, teu texto muito pertinente...acho que preciso amadurecer também e criar coragem pra ter meu pinmpolho, rs...a idade "ruge"...besos e felicidades pros cês três!!!