15 de fevereiro de 2008

Nerds! Sentido! Em frente... marchem!!


Eu tou no exército.

Sabe aquele negócio de falar que os video-games condicionam o pensamento das pessoas, e que elas agem de forma estranha por causa dos joguinhos eletrônicos? Era tudo verdade.

Estou postando diretamente da ala VIP do Campus Party, "o maior evento nerd do mundo" ou qualquer coisa do tipo. Pra quem não sabe o que é, imagina o prédio da Bienal de SP dominado por palestras, stands, notebooks e nerds em geral falando sobre tudo que tem a ver com tecnologia, internet e outras abobrinhas provindas do maravilhoso mundo do "vale do silicone".

Pois bem. Acabei de chegar e até agora vi muito Camping e pouco Party. Parece mesmo um acampamento do exército. Centenas de nerds de todo o Brasil (e de outros países ainda mais esquisitos) estão acampados no terceiro andar em barraquinhas formato A3 onde só cabe uma pessoa deitada, em posição fetal.

Um funcionário local me disse que, com jeitinho, cabem duas, uma em cima da outra. Já saiu porrada aqui por causa disso.

O clima geral é de campo de treinamento militar. Não pode fumar, não pode beber álcool, não pode transar, não pode andar pelado, não pode falar alto. Não perguntei se pode beijar na boca ou ler livros comunistas, mas o comentário geral é que não existe nenhuma regra escrita ou avisada em lugar nenhum: os seguranças e pessoas encrachazadas em geral ditam as regras ao vivo, verbalmente.

Outra coisa que me deu a impressão de campo militar foi o chuveiro. Cheguei de viagem depois de 8 horas de omnibus e resolvi tirar o cheiro de macho de debaixo do suvaco. O lugar dos chuveiros é muito estranho: as paredes são só uns plásticos brancos grampeados em armações, ou seja, não dá pra apoiar em nenhuma parede. Já tentou tirar a roupa toda sem deixar ela cair no chão (que está molhado e sujo) sem se apoiar em nenhuma parede? Tem que ser muito iogue ou mestre do kung fu. Eu não sou nem um nem outro.

O engraçado é que todo mundo parece achar tudo normal e divertido. Será que essa gente toda passou tanto tempo jogando Counter Strike e Call of Duty que passou a realmente curtir o rolê militar? Pra todo lado que eu olho vejo telas gigantes com simuladores de vôo, jogos de guerra, computadores "case-modados" com temas militares e outras coisas do tipo. Eu sempre curti joguinhos de guerra, filmes de guerra... mas também adoro filmes pornô e nem por isso acho normal transar com loiras peitudas em uma loja de equipamentos esportivos.

Melhor parar por aqui. Escrever depois de 48 horas acordado não é muito sábio.

Tudo o que eu sei é que, até agora, no Campus Party, vi pouco campus e nenhuma party. Está mais parecendo uma mistura de Sucesu 2008 com Woodstock - mas sem a parte boa de Woodstock. Não tem maconha, nudismo, laguinho, ioga, macarrão, show do Ten Years After... nada. Só barracas. E chuveiros.

Muito silício e pouco silicone.

3 comentários:

Anônimo disse...

hahahahaha.. gostei das impressões e felizmente moro pertinho da Bienal e não preciso acampar por lá, senão eu teria certeza que não iria. E concordo, party mesmo não há muitas e o que tem sido a melhor parte do evento para mim até o momento foram as pessoas que conheci. O problema é que sempre sinto uma necessidade tremenda de fugir, porque com o calor que rola aí dentro, eu começo a sofrer de abstinência pela falta de cerveja. E de Woodstock mesmo é só o camping mesmo!

Rafa Pros disse...

Perna, to rindo aqui e chorando por vc aí.

Lendo essas coisas só imagino como um antropologo, ainda que fanfarrão (ou antropofago)nadaria de braçada num lugar desse..
ave marilia!!

Anônimo disse...

Ok, eu entendo o seu lado e provavelmente eu escreveria a mesma coisa se estivesse aí. Mas quando eu ajudei a organizar um evento pra 250 pessoas, agradeci muito por não ser permitido beber nas dependências dele...

Você tem que escrever com mais frequência, esses últimos textos estão muito bons.

Abrass