O MSX foi uma tentativa da Microsoft japonesa de criar um console que unificasse os padrões de produção dos fabricantes de hardware daquela época (início dos anos 1980). Apesar de ser da Microsoft, o mercado americano e o inglês nunca absorveram o MSX, que fez muito mais sucesso no Japão e no Brasil (que é tipo o Japão). Foram produzidas cerca de 5.000.000 unidades.
O conceito era revolucionário para a época, e ajudou a fundamentar a indústria de computadores como a conhecemos hoje. Inspirado pelo sucesso do padrão VHS, o executivo Kazuhiko Nishi, da MS Japan, propôs um "selo de compatibilidade" MSX, que seria aplicado em produtos que seguissem as mesmas normas técnicas. Assim, vários fabricantes (como Sony, Philips, etc) começaram a produzir peças inter-operantes, que funcionavam com peças de outros fabricantes. Até então, o mercado de computadores pessoais era dominado por computadores fabricados por uma só empresa, cujas peças não tinham nada a ver com as peças dos outros fabricantes, o que tornava os custos de manutenção e atualização muito altos. No Brasil, haviam duas marcas de MSX: O Expert da Gradiente, e o Hotbit, da Sharp, ambos fabricados aqui mesmo no Brasil, e sendo comercializados em lojas de departamentos como o Mappin, a Sears e a Mesbla.
Enfim, mas o que importava mesmo eram os joguinhos!
Quando eu era criança, todo mundo tinha Atari, e eu tinha Odyssey. Por mais que o Odyssey fosse melhor, ter um video-game que ninguém mais tinha era muito esquisito e me deixava com um sentimento de outsider muito grande. Finalmente quando conheci o MSX esse sentimento foi embora, porque os jogos dele eram tão melhores que os do Atari que não só eu perdi a vontade de ter um Atari como eu também perdi a necessidade de ter amigos. Os jogos do MSX supriam todas as minhas necessidades mentais, psicológicas, sociais e espirituais.
Muita gente não sabe, mas vários "franchises" famosos de video-games, alguns deles na ativa até hoje, nasceram na plataforma MSX. É o caso por exemplo de Metal Gear Solid, Castlevania, Contra e Final Fantasy.
Depois de passar meses entediado com os jogos da atualidade, como Doom 3, NFS e outras abobrinhas, tive a luz de baixar novamente um emulador de MSX e relembrar alguns dos grandes clássicos da minha infância.
Tudo começou com Hero, um clássico do Atari que tinha uma versão MAX com gráficos melhorzinhos. Era o cartucho que vinha de brinde no Expert da Gradiente e por isso foi jogado à exaustão. Depois vieram outros cartuchos, e finalmente entramos na era magnética, quando meu pai comprou o toca-fitas do Expert! Mas até lá, foram horas e horas passadas jogando Hero, que tinha um sabor especial porque, graças ao livro do Jules Verne e ao disco do Rick Wakeman, eu sempre fui obcecado com "Viagem ao Centro da Terra".
Na categoria "jogos de navinha", haviam dois grandes clássicos, um de orientação vertical e outro horizontal. Na categoria vertical (i.e. "imitações do River Raid" para os invejosos fãs do Atari) o meu favorito de todos os tempos era o Zanac:
Aqueles olhinhos vermelhos davam uma aflição desgraçada, pareciam uma coisa meio orgânica tipo Jayce.
Muito antes do Steet Fighter II a gente já se divertia muito com joguinhos de artes marciais. No MSX, o rei de todos era o Yie Ar Kung Fu, da Konami. Os lutadores eram temáticos, e cada um tinha uma arma especial do kung fu. Foi assim que eu aprendi que coisas esquisitas como ferramentas de jardinagem e leques podiam ser usados como armas mortais. Mas as maiores brigas aconteciam mesmo fora do jogo, quando a gente tentava chegar a um acordo sobre como se devia pronunciar o nome do jogo!
Na categoria espacial, poucos jogos conseguiram, até hoje, superar a jogabilidade, o design, a trilha sonora e as emoções do lendário Texder. Descendente direto de animes como Robô Gigante, Pirata do Espaço e Zillion, Texder era uma aventura robótica cheia de ação e gráficos alucinantes. Uma espécie de filho do Super Mario 3 com o Macross!
Para não dizerem que o video game e o computador afastavam a gente dos esportes, preciso lembrar que a Konami tinha jogos dos esportes mais variados, e eram de longe os melhor jogos esportivos do MSX. A gente (eu e o meu irmão e nossos vizinhos e amiguinhos) gostava muito do tênis e do ping pong, mas o que a gente mais jogava, sem dúvida, era o Konami Soccer!
Para ficar inteligente, eu jogava muitos jogos de quebra-cabeças e coisas do tipo. Apesar do Castle Adventure ser o "must" na minha família, eu gostava mais do Eggerland Mistery, principalmente por causa do design dos sprites.
Outro dos meus favoritos, que eu passei muito tempo jogando, era o Arkanoid, da Taito, que sobrevive até hoje na forma de clones genéricos em Flash.
E eu não poderia terminar esse post sem colocar uma imagem do pinguinzinho mais simpático da história dos jogos! Antarctic Adventure!
3 comentários:
Cara! Eu vou ter de fazer um post sobre isso também. O Expert foi meu primeiro computador e ele era BEM melhor que os PCs XTs da época. Joguei todos esses jogos citados além de muito Magical Tree e Dungeon Master. Aliás Dungeon Master merecia um post só pra ele. :P
Foda o post.
Putz, Zanac era o meu jogo preferido, até aparecer aquele cartucho megaram, e o Nemesis junto.
Outros para a lista:
Knight Mare
Kings Valley
ó, eu nunca tive MSX. Joguei isso tudo em nintendinho.
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