20 de maio de 2008

Sexo & Chicotadas


Estava lendo hoje (na Wikipedia, a única coisa que eu leio) um artigo sobre o primeiro escândalo sexual em video-tape do Irã. Uma fita contendo 20 minutos de sexo explícito entre quem parecia ser uma famosa atriz de novelas e um homem que não era o marido dela tornou-se um escândalo nacional de grandes proporções, e que pode ter graves conseqüências para os direitos humanos naquele país.

Na época do escândalo, a pena para uma mulher que transasse fora do casamento era de 99 chibatadas. Pode até parecer pouco aqui na terra do DOPS, do Corisco e do Zumbi, mas isso é porque você nunca levou uma chibatada séria nas costas. Enfim, é um absurdo, mas é isso aí. Fanáticos religiosos queimando o filme da religião islâmica para o resto do mundo e dando motivo para os EUA enviarem tropas para gastar dinheiro público com munição e armas.

O problema é que os políticos iranianos ficaram tão absurdados com a fita que resolveram votar uma lei que penaliza os produtores e participantes de filmagens de sexo explícito dentro do país. Segundo o artigo, com tradução minha (e grifo meu também):

"Em junho de 2007, o Parlamento do Irã votou quase que em unanimidade em apoio de uma nova lei que torna a produção e participação em filmes pornográficos uma ofensa passível de pena de morte. Para ser oficializada, ela ainda precisa ser aprovada pelo Conselho dos Guardiões do Irã. Acredita-se que isso seja uma reação direta ao escândalo da fita."

Eu não sei qual parte dessa história me deixa mais surpreso e deprimido. Se é o fato das mulheres ainda serem tratadas dessa maneira, se é a falta de noção dos extremistas religiosos do Irã, se é o tabu sobre o sexo que ainda apavora a sociedade - muito mais do que há 40 anos atrás - ou se é a decadência moral em que o Irã mergulhou a partir do golpe de estado do Khomeini. Para quem se dá o trabalho de estudar História, o Irã é um dos países mais fascinantes, importantes e interessantes que existem sobre essa nossa Terrinha, e o que tem acontecido por lá nas últimas décadas é muito mais deprimente do que qualquer coisa que o Bush tenha feito - embora as duas coisas tenham ligações diretas, por mais bizarro que pareça.

Pelo ponto de vista legal, o mais estranho é que, segundo consta, fumar maconha no Irã é a coisa mais normal do mundo. Todo mundo fuma haxixe na rua, é fácil e barato de comprar, e por mais que existam algumas regrinhas sobre isso, quem mora lá diz que a polícia não faz nada. Ou seja, é uma sociedade onde fumar maconha é normal, explodir, matar, chicotear, é tudo normal, mas sexo, sexo não, sexo é proibido, e você tem que morrer.

Muito parecido com um outro país amigo nosso aqui na América do Norte, vocês sabem qual. Aliás, tão parecido mas tão parecido que dá até medo.

Só um último detalhe: no escândalo da fita, a mulher jura de pé junto que não é ela, mas o cara disse que é ele sim. Quer dizer, a mulher, querendo se resguardar, tirou o corpo fora, mas o cara, ao invés de ajudar e dizer que não era ela, ou até mesmo de dizer "não sou eu!", preferiu dizer que era ele sim que estava comendo aquela gostosa da televisão. Machismo não é só chicotear mulheres - machismo é a covardia por trás de tudo.

Um comentário:

lowproflavia disse...

devia morrer esse dedo duro desgraçado...ah, mas dedo duro pode.