7 de novembro de 2008

Como evitar a "Ansiedade do Século XXI"

1. Desista

Acostume-se com o fato de que você não pode resolver todos os problemas do mundo, do seu país, da sua cidade, do seu bairro, da sua família - nem mesmo os seus próprios. Homens grandiosos e influentes como Gandhi e John Kennedy tentaram e não conseguiram. Obviamente, em sua tentativa, fizeram grandes progressos - mas morreram longe de conquistar tudo o que sonhavam. O desejo é o combustível da vida, e os sonhos são o mapa, mas isso não quer dizer que você vai chegar aonde você quer.

Isso não deve ser usado como uma desculpa para a preguiça ou para a vadiagem, mas é importante introjetar essas noções antes de prosseguir. Aprenda a relaxar quando as coisas derem errado, e a rir das suas frustrações. Raiva e melancolia não aliviam nada, e não devem ser consideradas coisas normais.


2. Fale baixo

Sob o pretexto de conseguir o que querem ou de fazer a coisa certa, muitas pessoas costumam falar alto ou até mesmo gritar. Esse comportamento primitivo, típico dos gorilas das savanas, não nos leva a lugar nenhum. Se você quer se fazer ouvir, use a inteligência, e não as cordas vocais. Além disso, pessoas que realmente podem te ajudar nunca vão te levar a sério se você levantar a voz para elas ou qualquer outra pessoa. Compare o tom de voz dos discursos de Winston Churchill e Adolf Hitler, e lembre-se de quem ganhou a guerra.


3. Deixe a internet em paz

Não adianta ficar o dia inteiro no MSN, GTalk, Twitter, Lastfm, Blip, Google Reader, Myspace, Facebook, Orkut... Você nunca vai dar conta de tudo ao mesmo tempo. Converse apenas com seus poucos amigos de verdade. Não leia todos os blogs do mundo. Esse papo de que vivemos na era da informação, e que informação é poder, é tudo papo de auto-ajuda corporativa. Ler oitocentos blogs por dia não vai te deixar rico.

Quanto às redes sociais e programas de conversa, lembre-se das sábias palavras de Annie Lenox: "todo mundo está procurando alguma coisa; alguns deles querem te usar, outros querem ser usados por você". Reduza os seus contatos inter-pessoais ao mínimo necessário e concentre-se em construir relacionamentos verdadeiros e frutíferos, ao invés de ficar apenas agradando e sendo agradado superficialmente por centenas de "pessoas". No mundo das relações inter-pessoais, qualidade vale muito mais do que quantidade.


4. Todo mundo morre sozinho

Você pode ter mãe, pai, irmão, avó, cachorro, iPod, celular, Orkut, colegas da faculdade, pessoal da academia, turma da cerveja... Namorado, marido, peguete, vagaba, ficante, pretê... Mas mesmo assim, você, assim como eu, e todas essas pessoas, nasceu e vai morrer sozinho.

Você é uma pessoa só, individual e imiscível. Nunca busque a satisfação existencial no outro. Concentre-se em quem você é. Ouça as vozes na sua cabeça, e converse com elas. Não tente ignorá-las ou fazê-las calar usando drogas ou dirigindo em alta velocidade. Não importa para onde você vá, você sempre estará lá, e é impossível fugir de si mesmo. Compartilhe a sua individualidade com outras pessoas, mas nunca se esqueça que, por mais que você ame a sua família e seus amigos, você é apenas você mesmo. Seja sempre o seu melhor amigo e não dependa dos outros para nada, principalmente ser feliz.

E nunca se esqueça: você vai morrer, e não existe absolutamente nada que você possa fazer para impedir isso, ou para prever quando e como isso vai acontecer. Não procrastine a sua felicidade. Você pode morrer a qualquer momento.


5. Ame muito, mas pouco

Nunca desista do amor. Mas não pense que ele vai salvar a sua vida. Quando você estiver sozinho, deprimido, pensando que nunca vai encontrar alguém para amar, lembre-se de que mesmo se você conhecer milhares de pessoas horríveis, você só precisa de uma pessoa legal. Não desista, e deixe que a grande e maravilhosa aleatoriedade do universo jogue alguém no seu caminho, e jogue você no caminho de alguém.

Se você já ama alguém, mas está tendo crises no relacionamento, lembre-se: ninguém, a não ser você mesmo, pode ser responsável pela sua felicidade. Ame como se não houvesse amanhã, e sem pedir nada em troca - mas certifique-se de fazer isso com alguém que vai compreender o seu amor, e que o mereça. Claro que o casamento não vai te satisfazer, assim como ter filhos também não. Casamento e filhos não vão fazer com que a sua vida, subitamente, comece a ter sentido. O sentido da vida é viver. Se você não achar isso suficiente, você vai sofrer.


6. Só trabalhe com o que você ama

Nunca se engane pensando que ter um emprego stressante vai ser compensado no futuro com uma gorda recompensa. Ter empregos idiotas consome a sua alma e te transforma em um zumbi. Estude como um louco e tenha planos de metas para conseguir trabalhar, pelo menos, com alguma coisa mais ou menos relacionada ao que você gosta. Mesmo que isso signifique mudar de cidade, estado ou país. Dane-se a sua família e os seus amigos: sua sanidade mental precisa ser preservada. Se você não se orgulha do seu trabalho, mude até conseguir. Não importa de onde vem a grana, desde que você consiga dormir bem à noite. Mas lembre-se de que não existe almoço grátis e nem emprego perfeito: quem trabalha na Pixar e no Google também fica stressado, acha o chefe idiota, reclama do salário, e assim por diante.


7. Encontre alguma coisa maior do que você

Pode ser a música, a poesia, uma religião, servir sopa para os mendigos, literatura, ferromodelismo, moda, reformar carros antigos - você precisa pertencer a alguma coisa interessante que te mantenha longe do pensamento "eu" e troque sua primeira pessoa do singular pelo plural. Seja um agente de alguma coisa boa, e não apenas um indivíduo solto no espaço. Ninguém é uma ilha, e pertencer a alguma coisa que você mesmo escolheu é bem melhor do que acabar caindo em alguma coisa de que você nem gostava. É o que sempre acontece com os drogados e alcoólatras: passam a vida no hedonismo egocêntrico, e de repente encontram Jesus. É sempre a mesma coisa. Seja mais rápido do que Jesus, e encontre alguma outra coisa de que você gosta. Participe, conheça pessoas, troque experiências, e ajude a construir coisas. É uma ótima maneira de entender por que você está vivo.


8. Não fique escrevendo no seu blog até as 3 da manhã de sábado.

3 comentários:

Unknown disse...

Muito bom o post, sério, parabéns.

Mas, please, tire o argumento "Compare o tom de voz dos discursos de Winston Churchill e Adolf Hitler".

Você não procurou muito saber sobre a II Guerra, né?

Foi um argumento e um olhar muito pobres.

Não confunda a imagem pública deles com seus respectivos intelectos.

E no seu post o argumento é sobre ser e não parecer.

Ficou simplesemente ruim.

E, PQP!!! Não foi o temperamento individual deles que determinou o resultado da guerra, NÉÉÉÉÉ????!!!! Que P*a de argumento foi esse de tom de voz?

E lembre-se que o Churchill não se elegeu presidente depois do conflito e o Hitler não era um histérico assassino sem noção. Dá uma aprofundada na personalidade dos dois (mas não corra aos documentários do Fantástico, tente pegar algo um pouquinho menos débil mental).

Please, não seja mais um a empobrecer o assunto com estereótipos reduzidíssimos.

Ou então vamos taxar de "roqueiros" qualquer cabeludo com uma guitarra na mão, né?

Daia disse...

excelente texto!
e de todos os tópicos, o que mais preciso seguir para controlar a minha ansiedade é, certamente, o "deixe a internet em paz". sempre um novo vício, agora estou com mania de twitter. é muito divertido, mas muito estressante, você fica o dia todo dando F5 e coloca uma bobeira dessas como prioridade. não dá.

luzinha disse...

eu acho que roqueiro é qualquer cabeludo com uma guitarra na mão.

vonnegut um dia me contou que a gente é o que a gente parece ser, então é pra ter muito cuidado com o que a gente parece ser.

eu abaixei a cabeça e concordei.