Embora a maioria das pessoas ligue o jazz ao blasé, é sabido que a teoria mais anti-blasé da contemporaneidade foi lançada ao mundo acadêmico por um jazzista em sua colossal obra.
O niilismo, que é a desculpa esfarrapada por trás do blasé e do carão, foi definido por Nietzche, em seu livro "Ich Habe den Größten Gesicht Mutterbumser in der Welt"(1), no capítulo 3, página 49, ao declarar, resumindo sua teoria do vazio existencial: "Es bedeutet nicht eine Sache".
Trinta e cinco anos depois, um filósofo estadunidense, o Duque de Wellington*, revisa as teorias de Nietzche em seu trabalho "I´m Beginning to See the Light", complementando a afirmação do filósofo alemão: "It don´t mean a thing, if it ain´t got that swing. A-doo-wop, doo-wop doo-wop doo-wop; doo-aaahhh."(2)
A colocação de Ellington refuta a teoria de Nietzche no âmbito do carão, redefinindo o conceito do vazio existencial e da não-existencia do sentido da vida, apresentando ao leitor-pensador uma terceira via de fruição existencial. Em sua visão (e, por que não dizer, audição) ele demonstra que o vazio do universo pode ser preenchido não por Deus, Jesus, Jeová, Maomé, ou Marc Jacobs, mas por uma outra força espiritual, ligada ao mito e ao id: o swing, uma espécie de "alma mater" existencial, que dá vida e alma aos elementos do universo - sejam pessoas, lugares, ou até mesmo objetos. Assim, ao invés do "Größten Gesicht prinzips", o interlocutor pode se utilizar do Swing (e suas variantes) para dar sentido e significado ao vazio de sua vida.
Afinal, segundo Ellington, "doo wop doo wop doo-wah".
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1. NIETZCHE, Friedrich. "Ich Habe den Größten Gesicht Mutterbumser in der Welt". Röchen bei Lützen, 1897.
2. ELLINGTON, Duke & MILLS, Irving. "It Don´t Mean A Thing... if it ain´t got that swing." Nova York, All That Press, 1932.
* Conhecido no vulgo como Duke Ellington.
Um jeito bem estranho de beber...
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Ao longo da minha vida eu já vi muitas pessoas esquisitas bebendo coisas
estranhas de maneiras bastante inusitadas.
Agora, isso aqui... Isso aqui eu nunca ...
2 comentários:
*clap*
pra esse post
e pro debaixo também
tchau
Jazz não tem nada de blasé. Pelo contrário. Dançar música de indie virado pra parede é blasé.
(tu ainda não me viu dançando swing, né?)
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