23 de dezembro de 2007

91%DRUNKARD

21 de dezembro de 2007

O Jazz e o anti-Blasé

Embora a maioria das pessoas ligue o jazz ao blasé, é sabido que a teoria mais anti-blasé da contemporaneidade foi lançada ao mundo acadêmico por um jazzista em sua colossal obra.

O niilismo, que é a desculpa esfarrapada por trás do blasé e do carão, foi definido por Nietzche, em seu livro "Ich Habe den Größten Gesicht Mutterbumser in der Welt"(1), no capítulo 3, página 49, ao declarar, resumindo sua teoria do vazio existencial: "Es bedeutet nicht eine Sache".

Trinta e cinco anos depois, um filósofo estadunidense, o Duque de Wellington*, revisa as teorias de Nietzche em seu trabalho "I´m Beginning to See the Light", complementando a afirmação do filósofo alemão: "It don´t mean a thing, if it ain´t got that swing. A-doo-wop, doo-wop doo-wop doo-wop; doo-aaahhh."(2)

A colocação de Ellington refuta a teoria de Nietzche no âmbito do carão, redefinindo o conceito do vazio existencial e da não-existencia do sentido da vida, apresentando ao leitor-pensador uma terceira via de fruição existencial. Em sua visão (e, por que não dizer, audição) ele demonstra que o vazio do universo pode ser preenchido não por Deus, Jesus, Jeová, Maomé, ou Marc Jacobs, mas por uma outra força espiritual, ligada ao mito e ao id: o , uma espécie de "alma mater" existencial, que dá vida e alma aos elementos do universo - sejam pessoas, lugares, ou até mesmo objetos. Assim, ao invés do "Größten Gesicht prinzips", o interlocutor pode se utilizar do Swing (e suas variantes) para dar sentido e significado ao vazio de sua vida.

Afinal, segundo Ellington, " doo wop doo-wah".

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1. NIETZCHE, Friedrich. "Ich Habe den Größten Gesicht Mutterbumser in der Welt". Röchen bei Lützen, 1897.

2. ELLINGTON, Duke & MILLS, Irving. "It Don´t Mean A Thing... if it ain´t got that swing." Nova York, All That Press, 1932.

* Conhecido no vulgo como Duke Ellington.

17 de dezembro de 2007

I wake to sleep, and take my waking slow.
I feel my fate in what I cannot fear.
I learn by going where I have to go.

We think by feeling. What is there to know?
I hear my being dance from ear to ear.
I wake to sleep, and take my waking slow.
And learn by going where I have to go.

from "The Waking" by Theodore Roethke

8 de dezembro de 2007

O molibdênio é um dos metais-pesados mais carismáticos da tabela periódica.

Livros não salvam pessoas.

Jesus salva pessoas.

Mas quem é que precisa ser salvo?

5 de dezembro de 2007

Poema em linha torta

(apud Fernando "Haroldinho" Pessoa)

Nunca encontro ninguém que tenha feito uma cagada.
Todo mundo que eu conheço é sempre o fodão em tudo.

E eu, que sendo alto, sou baixo, e tantas vezes nojento, tantas vezes escroto,
irresponsavelmente relapso, indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho publicamente enfiado os pés nas jacas da sociedade,
Que tenho sido um babaca, mesquinho, infantil e ridículo,
Que tenho sofrido calado
e quando não estou calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às pessoas mais deprimentes,
Eu, que tenho sido assediado pelos homens e mulheres do limbo,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, bebendo dinheiro até não sobrar nada,
Eu, que, pressentindo a briga, me escondo atrás do bar com o copo na mão
como num filme do Oscarito;
Eu, que tenho ignorado as pequenas coisas da vida,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca desmaiou sobre o próprio vômito.
Nunca foi expulso, nunca foi demitido, chutado, chifrado, roubado, enganado.
Nunca cagou sangue, nunca desmaiou, ou caiu, se cortou, se rasgou, se fudeu.
Nunca foi senão príncipe - e nunca gauches - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma covardia!
Não! São todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que já foi escroto?

Estou farto de fotologgers!
Posando e sorrindo para a posteridade virtual.
Fazendo o V com os dedinhos que aprenderam com a Giselle.

Onde é que há gente normal nesse mundo?
Quer dizer então que só eu sou errado sobre a Terra?

Orgulho não é veneno, e é gostoso de engolir.
O importante é que emoções eu bebi.