2 de março de 2009

Deteriorata

"Desiderata" é um poema de 1927, escrito por Max Ehrmann e que fez muito sucesso nos Estados Unidos. Fez tanto sucesso que começaram a circular o texto sem o nome do autor, dizendo ser um texto encontrado na catedral de São Paulo em Baltimore. Obviamente era mentira, apenas mais uma das inúmeras que as pessoas inventam todos os dias para tentar criar sentido no que não tem e nem deveria ter.

É um daqueles poemas meio auto-ajuda, entediantemente neutros e cheio de insights "inovadores" como "não importa o que aconteça, seja feliz". O tipo da coisa que as senhoras brancas de meia idade gostam de ler enquanto tomam o chá da tarde e suspiram pensando na vida maravilhosa que vão ter quando morrerem e forem para o céu. Ou tentando se lembrar de qual foi a última vez em que viram um membro entumescido - para usar uma expressão típica da Barbara Cartland, outra campeã de audiência, ou melhor, de leituras dessa casta.

Pois bem. Em 1972 o escritor Tony Hendra, do National Lampoon, escreveu uma versão atualizada do poema, chamada "Deteriorata", revisando os conceitos filosóficos totalmente alienantes e poliânicos do poema original. Reproduzo aqui apenas alguns trechos, e a conclusão do poema, que achei brilhante e inspiradora:

"Você é um evento aleatório do universo. Você não tem o direito de estar aqui. (...) Seja confortado pelo fato de que apesar de toda a aridez e desilusões da vida, apesar das mudanças bruscas nas marés do destino, sempre existe um futuro promissor no setor de manutenção de computadores. (...) Não importa se você está ouvindo ou não, mas o universo está sempre rindo pelas suas costas. (...) Conhece-te a ti mesmo. Se precisar de ajuda, chame o FBI. (...) Esteja seguro do fato de que um passeio pelos oceanos das almas da maioria das pessoas mal conseguiria umedecer as solas dos seus pés. (...) Mesmo com todas as suas esperanças, sonhos, promessas, e revitalizações urbanas, o mundo continua se deteriorando. DESISTA!!"

2 comentários:

Anônimo disse...

mas use protetor solar.

Anônimo disse...

argh, odeio esse vídeo...