Nesses tempos de olimpíada, achei por bem trazer a vocês mais um pouco do budismo zen.
É a história do peido.
Era uma vez um monge estudioso do zen, muito esperto e disciplinado, chamado Su Dongpo (1036-1101). Ele vivia perto de um rio, e seu amigo, o mestre zen Foyin, morava na margem oposta. Os dois conversavam muito sobre o zen.
Um dia, Dongpo sentiu-se inspirado, e escreveu um poema:
Curvo minha cabeça ao Céu dentro do Céu
Raios de luz iluminando o universo
Os Oito Ventos não podem me mover
Sentado sobre o lótus púrpura dourado
Raios de luz iluminando o universo
Os Oito Ventos não podem me mover
Sentado sobre o lótus púrpura dourado
Os "oito ventos" são forças inter-pessoais do mundo material que dirigem e influenciam os corações dos homens: elogio, escárnio, honra, desgraça, ganho, perda, prazer e sofrimento. Ao dizer que não era movido por esses ventos, Su Dongpo queria dizer que havia atingido um nível elevado de espiritualidade, onde essas forças não o afetavam mais.
Satisfeito com o resultado de seu poema, Su Dongpo enviou um mensageiro até a casa do mestre Foyin. Seu amigo iria ficar impressionado com a beleza de seu poema.
Algum tempo depois, o mensageiro retornou, trazendo nas mãos o poema que havia levado. Ele entregou o papel a Su Dongpo e disse que Foyin havia lido o poema e depois havia escrito alguma coisa no papel.
Dongpo, curioso, abriu o papel e leu o comentário do venerável mestre zen:
"Peido."
Su Dongpo ficou chocado e furioso. Ao invés de um elogio, um selo de aprovação, seu velho mestre havia escrito apenas a palavra "peido". Sentiu-se ofendido com o comentário. "Como ele ousa me insultar dessa maneira? Isso não vai ficar assim!"
Indignado, Dongpo saiu correndo de casa e pegou uma balsa para atravessar o rio o mais rápido possível. Ele queria encontrar Foyin e exigir desculpas.
Quando chegou na casa do mestre, encontrou a porta fechada, e um bilhete pregado na porta:
Os Oito Ventos não podem me mover
Um peido me faz atravessar o rio
Um peido me faz atravessar o rio
Su Dongpo sentiu-se decepcionado consigo mesmo. Se ele era realmente um homem de espírito elevado, como poderia ficar tão nervoso por um motivo tão estúpido?
Envergonhado e um pouco mais sábio, Su Dongpo voltou silenciosamente para sua casa.
3 comentários:
muito bom! uhauauauaahauha
fantárdigo. Tungarei pro meu blog, devidamente creditado. Abraço.
eu adoro esses mestres orientais! isso é que é saber tirar onda, rs...adorei!
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