Sempre que converso com amigos de fora de BH, percebo o quanto eles acham o meu sotaque e meu vocabulário engraçados. Tudo bem. Mas o que me morde mesmo é quando alguém fala que eu tenho sotaque de mineiro.
O sotaque de Belo Horizonte é muito diferente do sotaque mineiro tradicional. Belo Horizonte é uma megalópole urbanizada, e tem sua cultura e história próprias, muito diferentes da imagem de Minas Gerais que o resto do Brasil tem. Nós não somos um bando de jecas que comem queijo e usam chapéu de palha.
A cultura belorizontina é muito específica, e aqueles que vivem nela têm muito orgulho de suas características, que o resto do Brasil não conhece porque nunca fizeram uma novela da Globo passada aqui. Eles também acham que todo nordestino fala "ô xente", e coisas do tipo.
Sendo assim, decidi me apropriar de um texto clássico que circula há décadas (desde antes de inventarem o spam). Dei umas modificadas por minha própria conta e risco, mas aqui vai. Uma declaração de amor ao jeito belorizontino - e não mineirinho - de ser!
Belorizonte
A gente vai no clube.
A gente passa férias em Guarapari.
A gente não tem mar, por isso vive no bar.
A gente tem algum churrasco pra ir todo fim-de-semana.
A gente solta papagaio e anda de velotrol na Praça do Papa.
A gente anda de burrim no Parque Municipal. E depois vai no pedalim.
A gente assiste TV Alterosa, Rede Minas e MGTV.
A gente vai na Serra do Rola-Moça e no Pico do Ibituruna.
A gente come manteiga da terra do Patafufo.
A gente toma banho de mangueira quando tá calor.
A gente aprende a andar de bicicleta no estacionamento do Mineirão.
A gente come pão de queijo todo dia.
A gente almoça na casa da vó.
A gente vai na Feira Hippie e acha normal não ter nenhum hippie lá.
A gente vai na Floresta sabendo que lá nem tem tanta árvore assim.
A gente conhece todas tribo de índio do Brasil: Tupis, Tamóios, Guajajaras, Guaicurus...
A gente viu Hilda Furacão só pra ficar procurando lugares que a gente já foi.
A gente anda de ônibus colorido. Azul, amarelo, vermelho...
A gente tem medo do Capeta do Vilarinho, da Loura do Bonfim e da G.D.A.
A gente adorava a "limonzine" do Tony Rey. (sim, era uma limousine feita com um Monza)
A gente sabe que cruzeirense vai pela Catalão e atleticano pela Antônio Carlos.
A gente sabe que Bolão não é um cara gordo e que "tomar no Redondo" não tem nada de mais.
A gente vai na Praça da Liberdade todo natal pra ver as luz.
A gente sabe que quando alguém fala "vamo no shopping", é no BH Shopping.
A gente come pipoca no mirante do Comiteco, digo, Mangabeiras.
A gente conhece um tanto de cachoeira.
A gente já foi na Gruta da Lapinha, na Gruta de Maquiné, e na fábrica da FIAT.
A gente vai na Raja porque ninguém sabe escrever nem falar Gabaglia direito.
A gente come fígado com cebola, de pé, no Mercado Central, domingo de manhã.
A gente sabe que o Seis Pistas tem no máximo umas quatro.
A gente tem banda de rock.
A gente sabe que Santa Tereza é o bairro do Sepultura, e não do Clube da Esquina.
A gente acha normal subir e descer ladeira.
A gente participa de campeonato de peteca e de truco.
A gente tem a manha de chapá os melão e rachá os bico sem dá pala.
A gente chama todo mundo de véi.
A gente acha as coisa ou doida ou paia.
A gente fraga os movi da galera.
A gente não é minêro.
A gente é de Belorizonte!
Um jeito bem estranho de beber...
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Ao longo da minha vida eu já vi muitas pessoas esquisitas bebendo coisas
estranhas de maneiras bastante inusitadas.
Agora, isso aqui... Isso aqui eu nunca ...
3 comentários:
Partindo do raciocinio de que nós de BH somos filhos ou netos de pessoas que vieram do interior do estado, a "cultura caipira" esta enraizada em nosso sotaque e modo de ser.
Acho que a questao é um pouco diferente, a falta de informacao e ignorancia desse post sao tao grandes quanto os que nos enquadram no esteriotipo. Vivemos em uma grande area urbana, o que deve gera diferentes estilos de ser, a diversidade de ser mineiro. BH é muito mais que todos os esterioptipos citados nos textos.
Achei um pouco preconceituosas as citacoes.
Abracao e parabens pelo blog.
A gente fala zuando e os mané acha que é sério.
A gente tem as manha da ironia, do sarcasmo e do bom humor.
A gente pode ter vindo do sul, norte, leste ou oeste, misturamos tudo aqui, do jeito de BH.
Abç,
Fidel
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